sábado, 9 de abril de 2016

Secretária de Leandro revela que sua vida foi completamente destruída


EM ENTREVISTA AO JORNAL ZERO HORA, ANDRESSA WAGNER, A SECRETÁRIA DO MÉDICO LEANDRO BOLDRINI, REVELA QUE TODOS, EM GERAL,DESTRUÍRAM COMPLETAMENTE A SUA VIDA


Andressa Wagner / Foto Facebook


(Transcrição da entrevista de Andressa Wagner ao Jornal Zero Hora, depois que foi inocentada pelo IGP/RS de ter escrito a suposta carta de suicídio de Odilaine Uglione em 2010).

Andressa Wagner teve nome envolvido no caso da morte de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo, mas foi inocentada após investigação.

Durante meses, Andressa Wagner teve de conviver com o estigma de ser suspeita de um crime. a ex-secretária do médico Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, morto em 4 de abril de 2014, teve o nome relacionado à morte de Odilaine Uglione, mãe do garoto, que se suicidou no consultório do marido em fevereiro de 2010. Uma perícia particular, contratada pela família de Odilaine, levantou, em 2015, a hipótese de Andressa ter escrito a carta de despedida da mãe de Bernardo. Essa possibilidade, porém, foi rechaçada em março deste ano, após nova investigação confirmar as conclusões da primeira, arquivada ainda em 2010.
Mas até o Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmar que a letra do bilhete era mesmo de Odilaine, o caso já tinha transformado a vida de Andressa. Com o nome envolvido na trama após a reabertura da investigação, ela teve até de se mudar de Três Passos. 


Jornal ZH:
- "Como a senhora recebeu a notícia de que uma perícia particular a apontou como autora da carta de suicídio de Odilaine Uglione?"

Andressa Wagner:
- "Eu estava na minha residência, e o Jonas Campos (repórter da RBS TV) chegou para me entrevistar referente a isso. Eu não sabia de carta, de perícia, de nada. Eu simplesmente dei risada, disse que não havia escrito carta nenhuma e registrei um boletim de ocorrência. Foi injusto o que fizeram comigo, uma covardia. Decerto acharam que, fazendo isso, poderiam me amedrontar, como se eu soubesse de algo e pudesse falar. Mas eu nunca soube de nada. Sempre falei a verdade, todas as vezes que fui chamada pela Justiça e pela polícia."


Jornal ZH:
- "A senhora acredita que houve má-fé dos peritos?"

Andressa Wagner:
- "Sim. Eu acredito que houve má-fé porque foi injusto o que fizeram comigo. Foi muita covardia."


Jornal ZH:
- "Por que eles teriam agido de má-fé?"

Andressa Wagner:
- "Não sei. É o que gostaria de saber. Eu era apenas funcionária. Acho que a família da Odilaine queria reabrir o caso e não conseguia."


Jornal ZH:
- "Depois, o IGP indicou que a carta havia sido escrita por Odilaine, e a Polícia Civil concluiu que ela havia se suicidado. Foi um alívio para a senhora?"

Andressa Wagner:
- "Não um alívio, porque eu sabia que não tinha escrito a carta. Só lamento por não ter dinheiro para contratar um perito particular, porque a família da Odilaine tem dinheiro. Se eu tivesse, teria contratado um perito para dizer que a letra não era minha. Mas a Justiça no Brasil é correta. Pode tardar um pouco, mas não falha. Não foi um alívio, eu só estava esperando pela notícia."


Jornal ZH:
- "O que ocorreu no consultório de Boldrini no dia da morte de Odilaine?"

Andressa Wagner:
- "Eu estava na recepção, trabalhando, quando a Odilaine chegou. Ela perguntou se estava tudo bem e se o doutor Leandro já tinha chegado. Eu disse que não, que ele estava a caminho. Então ela disse que iria aguardar por ele lá dentro (na sala do médico) e que não era para avisá-lo. O doutor chegou, ele estava atrasado, entrou pela sala da recepção, que estava cheia, e foi para a sala dele. Não sei dizer se durou cinco minutos, vi a porta se abrindo, o doutor saindo, e o tiro. Corri para ver o que era, a Odilaine estava deitada no chão. Disseram para eu não mexer com ela e, nisso, já me tiraram de lá."


Jornal ZH:
- "Houve suspeita de que a senhora teria recebido dinheiro de Boldrini para escrever a carta porque, oito meses depois da morte de Odilaine, a senhora investiu R$ 80 mil na construção de uma casa em Três Passos."

Andressa Wagner:
- "A minha casa foi financiada pelo programa Minha Casa Minha Vida e com recurso do FGTS que eu e meu esposo tínhamos. Eu tinha dois empregos na época. Isso está descrito na matrícula do imóvel, inclusive foi disponibilizada. Eu provei que fiz essa casa com o meu suor. Não ganhei nada, nunca. Nem um abraço do doutor Boldrini."




Em 26/05/2015, era veiculada a seguinte notícia:
"A ex-secretária da clínica do médico Leandro Boldrini, Andressa Wagner, cerca de oito meses após a morte de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo fez um investimento num imóvel do programa Minha Casa, Minha Vida e comprou um terreno em Três Passos, ao todo os valores chegam a R$ 80 mil. As informações constam em documentos do Registro de Imóveis da Comarca de Três Passos.

Na semana passada, o inquérito foi reaberto, devido às conclusões da perícia particular encomendadas pela mãe de Odilaine. Uma das conclusões aponta que a carta de suicídio não foi escrita por Odilaine, e Andressa é citada como autora, que será investigada.

Andressa negou ter escrito a carta e disse que não irá se manifestar sobre a compra do imóvel".


Jornal ZH
- "Como era a sua relação com Boldrini?"
Andressa Wagner:
- "Eu conheci o doutor Boldrini quando trabalhava na farmácia do prédio em que ficava o consultório dele. A nossa relação era extremamente profissional. Ele era um patrão exigente, uma pessoa fechada, não dava muita abertura. Era bem profissional mesmo."


Jornal ZH:
- "E como a senhora via a relação de Boldrini com o filho?"

Andressa Wagner:
- "Eu pude perceber que ele se preocupava com o Bernardo, que ia bastante à clínica. Ele tinha amor pelo filho, isso era visível, mas o trabalho o consumia tanto, que ele (Boldrini) deixava de cuidar dele mesmo. Eu não frequentava a casa dele, mas creio que ele tenha deixado os cuidados da casa e da família com a mulher (Graciele). Ele nunca disse não para o trabalho. Não tinha dia nem horário."


Jornal ZH:
-"Quando a senhora passou a ter contato com Graciele?"

Andressa Wagner:
O doutor me apresentou a Kelly (como Graciele é chamada) como namorada dois meses depois do falecimento da Odilaine. Nunca tinha visto antes a Kelly na vida. Muitos dizem que eles eram amantes, mas eu nunca soube nada disso. Não tenho queixa nenhuma dela porque, para mim, ela sempre foi uma boa pessoa, atenciosa, querida. O problema dela era com o Bernardo."


Jornal ZH:
- "Qual era o problema de Graciele com o menino?"

Andressa Wagner:
- "Brigas, pelo que eu pude perceber na clínica. Ela pedia para o Bernardo não ir à clínica, para ele ficar em casa, para estudar, e ele dizia que não, retrucava. Mas nesses termos, assim. A Graciele dizia que, quando ele fosse à clínica, era para eu dizer para ele ir para casa. Mas isso eu jamais fiz, nunca expulsei o guri do consultório nem comentei com o doutor. Para não arrumar picuinhas, porque eu precisava do serviço. Até falei para o Bernardo que, quando ele aparecesse, era para fazer um sinal na porta que eu faria OK com o dedo para avisar se ela estava ou um não com a cabeça, e ele poderia entrar. A relação de Boldrini com Bernardo era boa. O Bernardo pedia dinheiro, e o doutor mandava eu dar. O conflito era entre ele (Bernardo) e a Kelly."


Jornal ZH:
- "O que mudou na sua vida desde a reabertura da investigação sobre a morte de Odilaine?"

Andressa Wagner:
- "Mudou praticamente tudo na minha vida. Eles destruíram completamente a minha vida."


Jornal ZH:
- "Eles quem?"

Andressa Wagner:
- "Eles eu digo de modo geral. A família da Odilaine e até o doutor Boldrini, porque, se eu não estivesse trabalhando com ele, nada disso teria acontecido. Destruíram a minha vida. Antes, eu tinha emprego fixo, construí a minha casa, mas o Caso Bernardo mudou da água para o vinho a minha vida. Perdi meu emprego, meu currículo foi manchado. Onde eu entreguei currículo depois, perguntavam se eu era a secretária "daquele médico que matou o filho". Essa é a impressão que todo mundo tem. Não consegui emprego, tive de mudar de cidade, fui malvista, julgada. Eu não podia sair às ruas, ir ao mercado, tive de tirar minha filha da creche. Foi um tormento. Caí em depressão profunda, uso medicação até hoje. Se não fosse a minha filha, acho que não estaria mais aqui, teria feito alguma bobagem com minha vida. Mudei de cidade, abri um negócio próprio. Estou tentando reconstruir a vida, graças à família."


Jornal ZH:
"Como a família agiu quando Bernardo desapareceu?"

Andressa Wagner:
- "Foi um choque. A Kelly me ligou perguntando se o Bernardo estava na minha casa, porque ele tinha ido para a casa de um coleguinha e não tinha voltado. Eu disse que não. Naquela noite, eu liguei, e ela disse que ainda não o haviam encontrado. Ficaram procurando o guri toda aquela semana. Na segunda-feira, dia 14 (de abril de 2014), no dia em que foram presos, a Kelly pediu que eu fosse para a casa deles para cuidar da Maria (filha de Graciele e Leandro) porque eles tinham de achar o Bernardo. Fiquei durante o dia na casa deles cuidando da menininha e, daí, recebi a notícia de que haviam encontrado o corpo do Bernardo. Foi um choque, nem estava acreditando. Demora até cair a ficha. Tu trabalhas anos do lado de uma pessoa que tu não conheces, né?"

Disponível em: 



 Agenda de Andressa Wagner


Suposta carta de suicídio de Odilaine Uglione


Bilhete de Andressa Wagner avisando Leandro da chegada de Odilaine em fev/2010.

---------------------------------------------------------

SEGUNDA ENTREVISTA DE ANDRESSA WAGNER SOBRE SUA ISENÇÃO DE TER ESCRITO SUPOSTA CARTA DE SUICÍDIO


Transcrição da entrevista de Andressa wagner concedida por e-mail à Jornalista Isabela Kuschnir ikuschnir@band.com.br, em matéria datada de 18/03/2016.


Andressa Wagner foi apontada como autora da carta de suicídio encontrada na bolsa de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo. Agora a Polícia Civil a isentou da acusação e ela revela como sua vida mudou devido à falsa acusação (Grifo nosso).

Andressa Wagner é uma das personagens coadjuvantes do caso Bernardo, o assassinato do menino de 11 anos, em abril de 2014, em Três Passos, no norte do Rio Grande do Sul.

Em 2010, quando a mãe do garoto, Odilaine Uglione, morreu com um tiro na cabeça, ela era secretária do médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo. Andressa foi apontada anos depois, em uma perícia particular, como autora da carta de suicídio que foi encontrada na bolsa de Odilaine.

A morte aconteceu dentro do consultório de Boldrini e foi definida como suicídio pela Polícia Civil. O caso foi reaberto após a morte do garoto, a pedido da família de Odilaine, que não aceitava a tese. Novamente os investigadores chegaram à mesma conclusão.

Atualmente, estão presos à espera de julgamento Boldrini, a madrasta do garoto, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz. Eles respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, entre outros crimes.

Nesta entrevista, concedida por e-mail à jornalista Isabela Kuschnir, Andressa Wagner conta como a suspeita mudou sua vida. 

 Isabela Kuschnir:
- "Como a senhora conheceu Leandro Boldrini? Vocês mantinham uma relação profissional tranquila?"

Andressa Wagner:
- "Conheci o dr. Leandro Boldrini quando trabalhava na farmácia do prédio onde ele tinha o consultório. Ele era exigente, mas era tranquilo trabalhar com ele."



Isabela Kuschnir:
A senhora acredita que sua grafia é parecida com a de Odilaine? Em sua opinião, houve má-intenção dos peritos particulares quando te apontaram como autora da carta de suicídio?

Andressa Wagner:
- "Eu nunca li nada escrito por Odilaine em todo o tempo em que trabalhei para o Leandro Boldrini. Não sei como é a grafia dela. Além disso, foram raros os contatos com a senhora Odilaine, nas oportunidades em que ela esteve na clínica. Ela se limitava a cumprimentar e se reservar com o marido na sala dele. Entendo que houve má-fé sim dos peritos, pois a família de Odilaine busca, ao que parece, a qualquer custo, achar culpados pelo falecimento dela. Vejo neles uma busca por vingança contra Boldrini e contra todos que os que lhe cercavam, por não admitirem o suicídio. 

Fizeram um laudo, acredito, que visando causar comoção social e jogar a opinião pública contra as autoridades para reabrirem o caso. Fui injustamente e inescrupulosamente colocada na cena do crime. Foi muita covardia. Acharam que assim fazendo poderiam me amedrontar para que eu viesse a contar algo que pudesse saber. Sempre falei a verdade, em todas as vezes em que fui chamada pela polícia e pela Justiça."


Isabela Kuschnir:
- "Sobre o seu imóvel em Três Passos [foram investidos R$ 80 mil oito meses após a morte de Odilaine]: o terreno e a casa foram adquiridos através de financiamento ou houve empréstimos de terceiros?"

Andressa Wagner:
- "Não teve empréstimo privado. Foi financiado pelo programa Minha Casa Minha Vida, mais um pequeno valor de recursos do FGTS meu e de meu marido. Eu tinha dois empregos. Está tudo descrito na matrícula do imóvel que inclusive foi disponibilizada na internet." 


Isabela Kuschnir:
- "Como foi a sua infância? A senhora cresceu em Três Passos?"

Andressa Wagner:
- "Nasci no Paraná. Com dois anos fui morar numa cidadezinha no interior do Paraguai. Lá tivemos uma infância pobre, minha mãe lavava roupa para fora para nos sustentar porque colheita de safra era só uma vez no ano e meu pai trabalhava na lavoura e fazia alguns bicos por fora. Morávamos numa casa de chão batido, não tinha luz elétrica e nem água encanada. Era difícil a vida no interior. Meus pais não tinham condições de dar uma vida boa para nós. Com nove anos vim morar em Três Passos, assim que atingi a idade comecei a trabalhar no comércio." 


Isabela Kuschnir:
- "A senhora acredita que seu ex-patrão esteja preso injustamente?

Andressa Wagner:
- "Acredito na Justiça. Se ele deve, irá pagar, mas ele sempre se preocupou com o Bernardo... Eu sentia amor dele pelo filho. Isso era visível. Porém, o trabalho lhe consumia tanto que ele deixou os cuidados da casa e da família a cargo da mulher. Leandro nunca disse não para o trabalho... Não tinha hora nem dia para trabalhar... Às vezes esquecia dele mesmo." 


Isabela Kuschnir:
- "Como o caso Bernardo mudou sua vida? Mudança de endereço, de profissão, maior dedicação à família?

Andressa Wagner:
- "Tinha uma vida estabilizada. Eu tinha emprego fixo, depois perdi, fiquei mal vista pela cidade. Pessoas me julgando, me apontando como se eu soubesse de algo sobre a morte da senhora Odilaine, tive que mudar de cidade, de profissão, minha filha também sofreu com tudo isso, sabendo de meu sofrimento me perguntando por que eu chorava.

Caí em depressão profunda, faço uso de medicamentos até hoje, por mais que eu saiba que não devesse tudo o que estavam me acusando, pois sempre tive minha consciência tranquila, sofri muito. Destruíram minha vida, foi muito difícil para mim passar por tudo isso, mas graças à minha filha, que é por ela que hoje estou aqui, por não ter feito bobagem e pela família maravilhosa que eu tenho, que me deram muita força e que estou tentando superar."


Isabela Kuschnir:
- "A senhora conhecia Bernardo Boldrini? E Jussara Uglione, a avó dele?"

Andressa Wagner:
- "Conhecia Bernardo, óbvio, pois ele seguidamente ia até o trabalho do pai. Nunca vi Jussara pessoalmente." 


Isabela Kuschnir:
- "A senhora pretende processar a família de Odilaine?"

Andressa Wagner:
- "Não sei ainda. Vou conversar com meu advogado. Mas o mal que eles me causaram foi enorme." 


Isabela Kuschnir:
- "A quantas anda o processo contra os peritos particulares? Já houve indiciamentos? Houve recomendação do seu advogado para que o processo fosse aberto no noroeste gaúcho e não mais próximo da sua atual residência?"

Andressa Wagner:
- "O processo foi aberto na comarca do meu atual endereço e encontra-se em fase de citação dos réus."


Isabela Kuschnir:
- "Antes da reabertura das investigações da morte de Odilaine, a senhora conhecia o delegado do caso, Marcelo Mendes Lech?"

Andressa Wagner:
- "Não conhecia o delegado." 


JUSTIÇA PARA ODILAINE E BERNARDO UGLIONE BOLDRINI!



Nenhum comentário:

Postar um comentário