terça-feira, 30 de agosto de 2016

Arquivado pela segunda vez, o inquérito da morte de Odilaine Uglione


ARQUIVADO O INQUÉRITO QUE APUROU PELA SEGUNDA VEZ, AS CIRCUNSTÂNCIAS SOBRE A MORTE DE ODILAINE UGLIONE, MÃE DO MENINO BERNARDO

Foto: arquivo pessoal

Transcrição :Texto: Janine Souza (com alguns grifos nossos)
Assessora-Coordenadora de Imprensa: Adriana Arend
Imprensa@tj.rs.gov.br


Processo n° 21000027793 (Comarca de Três Passos)


Por não apresentar elementos novos a ser investigados e tampouco suficientes para afastar o conjunto de provas que apontam para o suicídio da vítima, o Inquérito Policial que apura as circunstâncias da morte de Odilaine Uglione deve ser arquivado. A decisão, da Juíza de Direito Vivian Feliciano, da 1ª Vara da Comarca de Três Passos, é desta terça-feira (23/08/2016). De acordo com a conclusão das investigações, a mãe do menino Bernardo cometeu suicídio, em fevereiro de 2010, no consultório do marido, o médico Leandro Boldrini.

Juíza Vivian Feliciano:
- "conclusão da Autoridade Policial e o pedido de arquivamento feito pelo Ministério Público não estão dissociados das provas apresentadas no Inquérito Policial, sendo inviável determinar que a polícia judiciária faça novas diligências. Além de ser esta uma atribuição do órgão acusador, as inconformidades da parte interessada não trouxeram elementos novos, desconhecidos da autoridade policial, a serem investigados, tampouco, mostram-se suficientes para afastar o conjunto de provas que apontam para o suicídio da vítima".

A investigação havia sido desarquivada a pedido da mãe de Odilaine, Jussara Uglione, após peritos contratados por ela concluírem que a carta supostamente deixada pela filha, antes de morrer, teria sido escrita por outra pessoa.  


O caso Odilaine Uglione

A mãe do menino Bernardo faleceu em 10 de fevereiro de 2010, em decorrência de disparo de arma de fogo, efetuado no consultório do marido dela, Leandro Boldrini. O Inquérito Policial instaurado para apurar as circunstâncias da morte apontou que ela cometeu suicídio, e foi arquivado. Jussara Uglione pediu a reabertura das investigações, amparada em parecer técnico de peritos particulares, os quais apontavam que a carta suicida deixada pela vítima teria sido supostamente redigida pela secretária de Leandro Boldrini, bem como que haveria uma terceira pessoa dentro do consultório, junto com o médico e a esposa.

O Ministério Público entendeu que havia lastro suficiente para investigar uma nova versão do fato e o expediente foi desarquivado, dando-se continuidade às investigações.Após inúmeras diligências, a autoridade policial concluiu pela ocorrência de suicídio.


A carta foi escrita por Odilaine Uglione, afirma IGP/RS

Por meio de perícia grafotécnica, a conclusão do Instituto Geral de Perícias (IGP) foi de que a carta deixada foi realmente escrita por Odilaine. 

Juíza Vivian Feliciano:
- "Concluíram os peritos oficiais que os escritos e a assinatura da carta encontrada na bolsa da vítima no dia dos fatos foi produzida pelo mesmo punho escritor que produziu o material padrão analisado, ou seja, por Odilaine Uglione".

Não concordando com o resultado, a Defesa de Jussara sustentou que deveria haver dois laudos periciais individuais e não apenas um a apontar o resultado de dois exames, realizados sobre as escritas de Odilaine e da secretária de Boldrini, apontada como possível autora da carta. 

Juíza Vivian Feliciano:
-"Essa impugnação, contudo, foi feita de forma genérica, vindo desprovida de qualquer indicativo de prejuízo efetivo no resultado das análises por meio de um único laudo, não servindo, pois, para afastar a credibilidade do parecer oficial. A par disso, a perícia do IGP, com base na uniformidade dos relatos das testemunhas presentes na clínica médica, também foi conclusiva no sentido de que não havia ninguém, além de Leandro Boldrini e Odilaine, na sala de atendimento".


Odilaine Uglione efetuou o disparo

De acordo com o laudo de reconstrução tridimensional dos fatos, cinco posições da vítima foram simuladas para fins de visualização de possível atirador. Uma delas foi descartada em razão do ângulo do tiro no crânio da vítima. 

Juíza Vivian Feliciano:
-"Das quatro possibilidades restantes e possíveis, em três, a vítima foi o próprio atirador".

A defesa da avó de Bernardo argumentou que Leandro Boldrini teria dito, quando depôs na Delegacia de Polícia de Charqueadas, que "se defendeu" no momento em que Odilaine supostamente sacou a arma de fogo e que o médico teria mentido ao afirmar que machucou sua mão quando tentou acionar o alarme localizado no corredor do 3º andar da clínica. Alegou ainda que testemunhas teriam dito que viram uma cadeira caída e a mesa quebrada na sala em que encontrada a vítima; tudo indicando ter havido luta corporal entre ambos.

Na avaliação da Juíza Vivian Feliciano, em que pese a conclusão pericial não tenha descartado a possibilidade de ser considerada a presença de pessoa diversa da vítima como sendo o atirador, todas as demais provas produzidas no decorrer da investigação, afastaram essa tese.

Juíza Vivian Feliciano:
-" Como apontado pela autoridade policial e pelo Ministério Público, o fato de o laudo dizer que não exclui a possibilidade de ser considerada a presença de pessoa diversa do atirador, não quer dizer que essa terceira pessoa existiu, devendo esta prova ser vista juntamente com as demais".

Os depoimentos colhidos também não apontaram para adulteração do local do crime. Quanto às impugnações ao laudo oficial realizado pelo Departamento de Criminalística, Divisão de Balística Forense, do IGP, deve-se ressaltar que o método utilizado na análise químico-residuográfica para chumbo foi o método colorimétrico, mesma técnica utilizada em 2010. Por outro lado, o método utilizado na análise feita pelo perito particular foi o Atômico Nuclear o que, como apontado pelo próprio IGP, justifica a diferença de resultado.

OBSERVAÇÃO:
"Em março deste ano (2016), dez meses após a reabertura do inquérito, a polícia concluiu pelo suicídio. "Nós verificamos de forma criteriosa, através da realização de diversas oitivas, muitas longas e complexas, e não surgiu nenhum elemento que corroborasse o entendimento de um crime contra a vida", comentou, na época, o delegado Marcelo Lech." 

Disponível em:

JUSTIÇA PARA ODILAINE E BERNARDO UGLIONE BOLDRINI!

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