Madrasta
tenta se livrar do homicídio triplamente qualificado. Ou: Que as Erínias lhe
corroam a alma por muitos anos!
Graciele Ugulini em foto divulgação da Polícia Civil
Tragédias e barbaridades,
como as que colheram o menino Bernardo Boldrini, não costumam ser matéria deste
blog. Mas decidi escrever algumas palavras sobre esse caso. De saída, leiam a
reportagem (post anterior), a gente nota que Graciele Ugulini está, vamos
dizer, arrumando a narrativa para ver se consegue se livrar da acusação de
homicídio doloso, entrando na categoria apenas do culposo. Certamente seu
advogado não tem a menor esperança de que isso aconteça. Então está tentando
livrar esta senhora ao menos do agravante. Explico.
O assassinato meramente culposo, sem intenção (Parágrafo 3º
do Artigo 121 Código Penal), rende de um a três anos de prisão, e o condenado
fica em regime semiaberto. O advogado de Graciele já lhe deve ter dito que não
há a menor chance de emplacar essa tese. Ela deverá ser enquadrada mesmo no
caput do Artigo 121: matar alguém rende pena de 6 a 20 anos. Ocorre que, no
caso dela, a coisa é mais séria.
Leiam o que estabelece o Parágrafo 2º do
Artigo 121:
§ 2º – Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II – por motivo fútil;
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
Pena: 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Convenham: os motivos dessa senhora são torpes e provavelmente fúteis (há a
suspeita sobre a herança). Ela recorreu a remédios (substituto, no caso, do
veneno) e à dissimulação, impedindo Bernardo de se defender — especialmente
porque era uma criança.
Assim, a pena mínima possível para esta senhora é de 12
anos. Mas duvido que começará aí. Certamente será mais elevada. Só então se
pensarão atenuantes — se é que existe algum — e agravantes: parece que os há
aos montes. O menino reclamava de maus-tratos e abandono, e há provas a
respeito.
O exame do corpo indicou a presença de anestésico. Graciele
vai tentar convencer os jurados de que sua intenção não era matar o garoto.
Quem vai engolir? Quando menos, ela assumiu o risco de matar — já que,
enfermeira que era, conhecia os efeitos dos medicamentos mais do que uma pessoa
comum. Mais: ela também ocultou o cadáver, crime que rende de um a três anos de
prisão. Até onde se sabe, a cova foi aberta com antecedência, o que evidencia a
premeditação também nesse caso.
Estamos diante de um caso de homicídio triplamente
qualificado, com ocultação de cadáver. Tomara que esta senhora viva bastante —
e em condições salubres — na cadeia para que Tisífone, Megera e Alecto, as
Erínias, lhe corroam a alma.
Por que ela fez o que fez? Porque há pessoas que são más,
uma evidência com a qual muita gente tem dificuldade de conviver. Porque há
gente cujo caráter é deformado. E ponto! Não parto do princípio de um Rousseau
às avessas — que não deixa de ser Rousseau, afinal… — de que somos essencialmente
maus. Nem essencialmente maus nem essencialmente bons. A esmagadora maioria dos
homens, felizmente, consegue reconhecer no outro um seu igual e não pratica
atos dos quais não gostaria de ser alvo. É, fazendo uma graça, uma espécie de
sabedoria natural kantiana. Mas há aqueles que não reconhecem no outro um seu
igual se estão em disputa o poder, a cobiça, a atenção amorosa etc. Escolham aí…
Não existem políticas de estado para gente como Graciele, a
não ser uma: o poder de polícia para retirá-la do convívio social, deixando
claro à sociedade que seu comportamento é inaceitável.
OBSERVAÇÃO: Nenhum dos acusados conseguiu enganar o Judiciário e em 13/08/2015, o Juiz Marcos Luís Agostini, da Primeira Vara Judicial da Comarca de Três Passos/RS, entendeu haver provas suficientes de materialidade e participação dos quatro réus no assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini de 11 anos de idade. Na sentença de 137 páginas, o Juiz determinou que o pai do menino, sua madrasta e os dois irmãos cúmplices sejam levados a julgamento pelo Tribunal do Júri Popular.
O médico Leandro Boldrini, pai biológico de Bernardo responderá por homicídio quadruplamente qualificado. A madrasta de Bernardo, a enfermeira Graciele Ugulini responderá também por homicídio quadruplamente qualificado. Eldelvânia Wirganovicz responderá por homicídio triplamente qualificado e seu irmão Evandro Wirganovicz por homicídio duplamente qualificado. Todos os réus serão julgados também por ocultação de cadáver e especificamente a Leandro Boldrini, ser-lhe-á acrescentado o crime da falsidade ideológica.
Já não cabe recurso para os quatro acusados. Depois das reiteradas maldades da senhora Graciele Ugulini (maus-tratos, tentativa de assassinato, assassinato com requintes de crueldade e vilipêndio de cadáver), estamos aguardando para ela e companhia, nada além de:
JÚRI POPULAR URGENTE PARA BERNARDO UGLIONE BOLDRINI E JUSTIÇA PARA ODILAINE UGLIONE!
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