NO BRASIL, NÃO TEMOS A PENA DE MORTE: ENTÃO O QUE ACONTECEU COM O MENINO BERNARDO?
Texto de Irineu Coelho, publicado em 30/04/2014.
Disponível em:
Foto: arquivo pessoal
... A crueldade, a frieza, a torpeza e o mais absoluto
desrespeito para com a vida humana transformaram o episódio envolvendo a morte
do garoto Bernardo Uglione Boldrini em um filme de terror não recomendado para
o público de todas as idades. Ninguém deveria assistir. É uma trama de horror
que manchou de forma indelével a história da pequena cidade de Três Passos, no
Rio Grande do Sul. Imagine a revolta dos moradores. Como se não bastasse um ato
tão repugnante, também terão que engolir o fato de que a pacata cidade está na
boca do Brasil, e quiçá do mundo, por um motivo para lá de absurdo. Fico
pensando sobre essa questão. Temos a responsabilidade de enaltecer a nossa
terra, seja através de nossas obras, através da arte, da cultura.
Muitas cidades de Minas Gerais, por exemplo, são conhecidas mundo afora por causa da comida, das obras de arte, da música, da poesia ou descobertas. E
é assim em todos os estados da federação. Aliás, é assim pelo mundo. Alguns
nomes levam sua terra natal para além das fronteiras do espaço e do tempo,
singrando rumo à eternidade. Cito como exemplo o que Carlos Drummond de Andrade
fez por Itabira de Mato Dentro e Oswaldo França Júnior por Serro. Quem não
conhece a obra do poeta maior que não tropeçou na pedra que estava no meio do
caminho? Milhões já viajaram no caminhão da série Carga Pesada, baseada no
romance Jorge, Um Brasileiro. Itabira e Serro são duas cidades mineiras que
tiveram a felicidade ser o berço de dois autores inesquecíveis.
Já Três Passos, no Rio Grande do
Sul, teve o infortúnio de ser o local onde moravam alguns monstros que detestam
crianças. Fomos apresentados a esse Município da pior maneira e por mais que
tentemos esquecer os motivos que nos levaram a conhecê-lo, jamais
conseguiremos. Alguns acontecimentos marcam para sempre toda uma comunidade e
as feridas abertas vão passando de geração em geração, e de vez em quando
sangram.
É possível que o garoto Bernardo tenha sido enterrado ainda
com vida, depois de ter recebido uma injeção letal. Para que não houvesse a
necessidade de faca, revolver, martelo e sangue, injetaram anestésico no
menino. Condenaram Bernardo à morte. Ele, um moleque inocente, querido na
cidade, mas maltratado pelo pai e pela madrasta. Não cometeu nenhum erro grave
a não ser acreditar no seu algoz. Não praticou ato infracional e viveu num
país, cuja Constituição não permite a pena de morte. Mesmo assim foi condenado
e executado com injeção letal.
Dos estados norte-americanos que ainda permitem a pena de
morte, 32, salvo engano, utilizam a injeção letal para matar o criminoso de
forma lenta e silenciosa. Um coquetel de medicamentos é utilizado e não há dor
nem consciência do condenado que falece com os pulmões paralisados e o coração
sem forças. Sendo a pena de morte sempre vista como um trabalho brutal, sujo,
asqueroso, seja qual for o processo utilizado: fuzilamento, enforcamento,
eletrocussão, câmara de gás, decapitação, a injeção letal tornou-se o método
quase que exclusivo de execução nos Estados Unidos. Alegam que é menos doloroso
e mais humano. Será?
Condenaram Bernardo à morte. Não houve acusação formal, nem contraditório ou ampla defesa. Sequer disseram o motivo da condenação à morte. Foi um ato de tirania. Ele pensando que iria se benzer ou comprar uma TV. Os monstros só queriam o dinheiro. A madrasta, sua amiga e um acordo financeiro. E o pai de Bernardo? Será que não sabia de nada? A Polícia garante que tinha conhecimento e concordou com a sentença a ser sumariamente executada sem direito a qualquer recurso. Duas mulheres e um homem, ao centro, um menino de onze anos que insistia em ganhar o carinho de alguém. Ganhou uma cova rasa e soda cáustica sobre o seu corpinho indefeso.
Condenaram Bernardo à morte. Não houve acusação formal, nem contraditório ou ampla defesa. Sequer disseram o motivo da condenação à morte. Foi um ato de tirania. Ele pensando que iria se benzer ou comprar uma TV. Os monstros só queriam o dinheiro. A madrasta, sua amiga e um acordo financeiro. E o pai de Bernardo? Será que não sabia de nada? A Polícia garante que tinha conhecimento e concordou com a sentença a ser sumariamente executada sem direito a qualquer recurso. Duas mulheres e um homem, ao centro, um menino de onze anos que insistia em ganhar o carinho de alguém. Ganhou uma cova rasa e soda cáustica sobre o seu corpinho indefeso.
Nas Faculdades de Direito insistimos em ensinar e aprender
que não temos em nosso país a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.
O leitor acredita nisso? Então, o que aconteceu com o garoto de Três Passos?
Um médico, uma enfermeira, uma assistente social... Pessoas que deveriam apenas salvar vidas, proteger, minimizar desigualdades, amparar na dor. Além de médico, pai... Além de enfermeira, madrasta... Assistente social... Quanta selvageria!
Um médico, uma enfermeira, uma assistente social... Pessoas que deveriam apenas salvar vidas, proteger, minimizar desigualdades, amparar na dor. Além de médico, pai... Além de enfermeira, madrasta... Assistente social... Quanta selvageria!
OBSERVAÇÃO: Bernardo
Uglione Boldrini: nós te amamos eternamente! E não vamos descansar até a
absoluta, incondicional, irrestrita, total...
JUSTIÇA PARA ODILAINE E BERNARDO UGLIONE BOLDRINI!
Difícil traduzir em palavras o que foi feito com Bernardo.
ResponderExcluirBernardo estava sendo morto, aos poucos, durante estes quatro anos de vida, após a morte de sua mãe. A sentença final foi uma cova rasa vertical as margens do Rio Mico.
Eu sinto muito por você, Bernardo. E o que queremos é pena máxima para seus algozes.
JUSTIÇA PARA BERNARDO E ODILAINE UGLIONE.