Manifestantes rezam antes de audiência do caso Bernardo
no RS
Antes do início da audiência de instrução
que investiga a morte do menino Bernardo Boldrini, marcada para as 9h15 desta
terça-feira (26/08/2014), cerca de 30 pessoas da "Corrente do Bem" se
reuniram em frente ao prédio do Fórum de Três Passos, na Região Noroeste do Rio
Grande do Sul. Liderado pela depoente Juçara Petry, o grupo reza pouco antes do
início da sessão. Pessoas de outras cidades, como Ijuí e Palmeira das Missões,
devem chegar para reforçar a manifestação.
"Agora chega de chorar, agora é hora
de lutar. A justiça está sendo feita", disse Juçara ao G1. "Vou continuar defendendo
a culpa de todos na morte dele. Vão surgir novos elementos, novas provas, cada
vez mais fortes, para incrimina-los. Vocês vão ver", acrescentou.
Juçara conheceu Bernardo, que costumava ir
a casa dela. Em entrevista logo após o caso vir à tona, chamou o menino de 'filho do coração'. Ela acredita que deverão chegar à
Justiça novas provas periciais que comprovam o envolvimento concreto dos quatro
réus na morte de Bernardo. A manifestação havia sido proibida pelo juiz Marcos
Luis Agostini, mas na noite desta segunda-feira o magistrado voltou atrás e
liberou. Ele também restringiu o acesso à imprensa.
A audiência conta com reforço policial,
bloqueio de vias no entorno e restrição à imprensa, com objetivo de proteger e
minimizar efeitos externos às testemunhas de defesa e acusação. Ao todo, são 40
policiais militares são responsáveis pela segurança. As ruas do entorno foram
bloqueadas em uma área de aproximadamente duas quadras.
Dos quatro réus, apenas a assistente
social Edelvânia Wirganovicz e o irmão dela, Evandro Wirganovicz, optaram por
comparecer. O pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini, pediram
dispensa.
O corpo de Bernardo foi localizado no dia
14 de abril enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen, a
cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele residia com a família. O menino
estava desaparecido desde 4 de abril. Leandro, Graciele, Edelvania e Evandro
estão presos e respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Ao todo, serão ouvidas 33 testemunhas, de defesa e acusação. São familiares,
vizinhos, amigos e outras pessoas que possam colaborar com a Justiça. Entre os
nomes considerados mais importantes estão: as delegadas que trabalharam no
caso, Caroline Bamberg Machado e Cristiane de Moura Baucks, a ex-babá de
Bernardo, Elaine Rader – que relatou uma tentativa de asfixamento da madrasta
ao garoto – a professora dele, Simone Müller, e um casal que possuía forte
vínculo afetivo com o garoto, Carlos e Juçara Petry. A ex-secretária de Leandro
Boldrini, Andressa Wagner, e a avó de Bernardo, Jussara Uglione, também foram convocadas.
A audiência não tem horário para terminar.
Se houver necessidade, uma nova data será marcada para prosseguir com os
depoimentos das testemunhas do caso. Na semana passada, o juiz Marcos Luís
Agostini negou um pedido do advogado Jader Marques, que defende Leandro, para
adiar a audiência.
Depois de encerrada a primeira etapa,
novas audiências serão realizadas. Foram 25 testemunhas arroladas pelo
Ministério Público (MP) e 52 pelas respectivas defesas, totalizando 77 pessoas.
Após o depoimento das 33 em Três Passos, o restante será ouvido por carta
precatória, conforme o local onde residem. Haverá testemunhas em Frederico Westphalen, Campo Novo, Coronel Bicaco, Santo
Augusto, Palmeira das Missões, Rodeio Bonito, Ijuí, Santo Angelo, Porto Alegre
e Florianópolis (SC).
Cumpridas todas as precatórias, será
designada uma nova audiência para ouvir alguma testemunha de defesa que possa
ter ficado para trás por motivos como atestado médico, viagem, etc. Na
sequência, haverá alegações pelas partes e a sentença do juiz para avaliar se é
caso de pronúncia (se vai a júri ou não).
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