TERROR PSICOLÓGICO
Terror psicológico infringido a menor por pessoas que teoricamente tinham a função de protegê-la.
Nesse evento ocorrido em 2013, quando vizinhos condoídos com a situação de Bernardo, que gritava por socorro na janela do seu quarto, acionaram a Brigada Militar, Leandro Boldrini alegou não ter agredido o menino. Ele e Graciele agrediam o menino sim: física, verbal e psicologicamente. Bernardo não tinha nenhum distúrbio mental, mas pai biológico e madrasta se encarregaram de destroçar sua psique e depois o seu corpo.
Vídeo mostra pai usando celular para filmar briga com Bernardo:
Caetanno Freitas e Jonas CamposDo G1 RS e da RBS TV, em Santa Maria.
CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ASSISTIR AO VÍDEO.
Leandro Boldrini / (Foto: Reprodução/G1)
Caetanno Freitas e Jonas CamposDo G1 RS e da RBS TV, em Santa Maria.
O G1 teve
acesso ao vídeo que mostra uma briga entre Bernardo, o pai, Leandro Boldrini, e
a madrasta, Graciele. As imagens foram gravadas no celular do pai do menino. Na
maior parte do tempo, não é possível ver a discussão. Apenas no início, o
médico aparece deixando o celular no cômodo. O vídeo capta os pedidos de
socorro de Bernardo, de 11 anos, assassinado em abril deste ano (assista ao
vídeo acima).
O vídeo começa com a sombra de Leandro no chão do
quarto da casa onde a família morava, em Três Passos, na Região Noroeste do Rio
Grande do Sul. O pai de Bernardo liga a câmera e passa para Graciele enquanto o
menino grita por socorro de um outro cômodo. É possível ver o rosto do médico neste
momento das imagens. A madrasta pega o celular e o ajeita na cama do casal.
É possível ouvir Bernardo em outro cômodo gritando
por socorro por mais de três minutos. Em seguida, o menino se aproxima para
pedir o telefone emprestado para "denunciar" o pai. Leandro chama a
atenção, pedindo que Bernardo cuide da irmã, que está no mesmo cômodo. Depois
começa a discussão entre o menino e a madrasta, em que ocorrem as ameaças.
"Ah, Bernardo, eu fico com pena de ti… Com
pena de ti, cara. Tua mãe te botou no mato. Deus o livre. Te abandonou",
afirma Leandro. Na sequência, Graciele diz que a mãe de Bernardo (Odilaine, que
cometeu suicídio em 2010) era "vagabunda", revoltando o garoto.
"Tomara que tu morra. Tomara que tu morra! E essa coisa (Graciele) que
morra junto!", grita Bernardo.
Procurado pelo G1, Jader
Marques, advogado do pai de Bernardo, argumentou que o vídeo é de 2013 e mostra
a realidade do conflito familiar difícil, mas, segundo ele, "não altera a
situação da falta de provas" da participação de Leandro no homicídio ou no
suicídio da mãe do menino. O escritório do advogado da madrasta, Vanderlei
Pompeo de Mattos, informou que ele não pretende se manifestar sobre o tema.
VEJA A TRANSCRIÇÃO
Bernardo: Socorro! Socorro! Socorro! Socorro! Socorro! Socorro!
Leandro: Vamos se acalmar. Vai para o teu quarto.
Bernardo: Socorro! Meu pai vai me agredir. Socorro! Socorro!! Socorro! Socorro!
Socorro! Socorro! Socorro! Não! (...)
Leandro: Respeita a tua irmã, a Maria aqui…
Bernardo: Socorro, socorro! Eu vou contar... Vocês me agrediram!! Socorro,
socorro, socorro. Meu pai me agrediu.
Graciele: Fecha a porta… (diz para Leandro)
Bernardo: Socorro! Socorro! Socorro! (...)
Eu quero denunciar, empresta o telefone, eu quero denunciar vocês! Empresta,
quero denunciar!
Leandro: Aqui quem manda sou eu.
Bernardo: Eu quero denunciar, empresta!
Leandro: Ou tu entra, ou tu sai. E se entrar fala baixo.
Bernardo: Empresta o telefone agora! Empresta! Empresta o telefone. Empresta!
Empresta o telefone agora! Tu falou que eu poderia denunciar, então empresta!
Empresta!
Leandro: Tchê, a Maria...
Bernardo: Empresta! Empresta o telefone.
Graciele: Sim, tu quer o telefone emprestado para denunciar? (risos)
Bernardo: Sim! Empresta!
Graciele: Quer denunciar, te vira! Não empresto. Te vira!
Bernardo: Empresta!
Leandro: Cuidado a Maria aqui, rapaz! Escuta aqui ó, que bagunça é essa?
Bernardo: Socorro!!
Leandro: E fecha a porta, né?
Bernardo: As pessoas estão olhando…
Leandro: Viu?
Bernardo: As pessoas estão olhando…
Graciele: Vai lá, vai lá pedir socorro.
Bernardo: Vão vocês!
Graciele: Tu que tá pedindo! Tu que está gritando!
Leandro: Quem que começou a bagunça?
Bernardo: Vocês me agrediram, tu me agrediu.
Graciele: E vou agredir mais. A próxima vez que tu abrir a boca para falar de
mim, eu vou agredir mais.
Leandro: Xingando ela. Ninguém merece ser xingado, né, rapaz.
Graciele: Eu vou agredir mais, eu não fiz nada em ti.
Bernardo: Fez sim. Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz de fazer.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou
capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando.
Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo: (inaudível) Queria que tu morresse
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz. Vamos ver quem tem mais força. Aí
nós vamos ver quem tem mais força.
Bernardo: Quando tu morrer.
Graciele: É, vamos quem tem mais força. Vamos ver quem vai para baixo da terra
primeiro.
Bernardo: Tu. Tu vai..
Graciele: Então tá, se tu tá dizendo.
Bernardo: Tu, tu vai…
Graciele: Vamos ver quem vai primeiro.
Bernardo: Coitada da Maria, vocês vão agredir ela aqui também! Vão sim!
Graciele: Ela está comigo.
Bernardo: Vão agredir ela depois…
Graciele: Ah, então tá.
Leandro: Ah, Bernardo, eu fico com pena de ti… Com pena de ti, cara. Tua mãe te
botou no mato. Deus o livre. Te abandonou…
Bernardo: E tu traiu ela!
Leandro: Como é que ele tem isso na cabeça?
Graciele: É… Ela que andava com tudo que é homem aí, ó! Ela que era vagabunda,
Bernardo!
Bernardo: Não era! Minha mãe não é vagabunda!
Graciele: Então vai perguntar para as pessoas da cidade o que tua mãe fazia!
Pergunta!
Bernardo: Minha mãe não era vagabunda…
Graciele: Então pergunta para as pessoas o que tua mãe fazia com teu pai.
Leandro: Eu sei que tua mãe é o máximo para ti, mas simplesmente ela te
abandonou.
Bernardo: Não, ela não me abandonou. Foi culpa tua, sim!
Graciele: Ela que pensou em matar teu pai.
Bernardo: Porque ele estava incomodando ela.
Leandro: Ela foi lá na vila com o cara, comprou uma 38 para ir ao consultório
com duas balas. O que ia acontecer comigo?
Bernardo: Tinha que ter matado mesmo!
Leandro: E o que ia sobrar de ti?
Bernardo: Tinha que ter te matado!
Leandro: Mas o que eu tenho que ver, cara?
Bernardo: Tem de morrer!
Leandro: Tenho de pegar com minha vida por causa de gente à toa?
Bernardo: Sim!
Leandro: De gente que não presta?
Bernardo: Tomara que tu morra! E essa coisa [Graciele] que morra junto!
Graciele: Tu vai ir antes. Doente que tu está desse jeito…
Leandro: Quanta gente…
Graciele: Igual a tua mãe. Teu fim vai ser igual o da tua mãe.
Bernardo: Não!
Graciele: Então tá…
Leandro: Eu salvo uns quatro ou cinco todo dia, tiro as pessoas de dentro do
caixão.
Bernardo: Não tira!
Leandro: Elas aparecem uma semana depois caminhando lá no consultório.
Bernardo: Não!
Leandro: Eu acho que tenho uma função nesse mundo…
Bernardo: De morrer, tem que morrer!
Leandro: Deixa que eu morro a hora que Deus quiser…
Graciele: É, a hora que Deus quiser.
Leandro: Não é pela tua boca.
Bernardo: Tu vai morrer.
Leandro: Me respeita!
Bernardo: Vou rezar para tu morrer.
Graciele: Então vai, te ajoelha.
Leandro: Tu vai ficar 20 anos rezando. Quanto mais tu rezar, pior vai ser. Mais
eu vou durar.
Bernardo: Tomara que tu morra. (fala inaudível)
Leandro: O que tu falou?
Bernardo: Não te interessa!
Leandro: É, é… 'Froinha', que não é capaz de falar. Se fosse macho falava
melhor!
Bernardo: Ó a polícia!!
Graciele: Vai lá então… Vamo, desce lá!
Bernardo: Não…
Graciele: Desce lá.
Bernardo: Tu me agrediu!
Graciele: Vai lá, Bernardo…
Bernardo: Tenho marca aqui… Tu me agrediu. Eu tenho marca aqui.
Graciele: Vai lá, Bernardo! Ô, cagão! Ô, cagão, desce lá, cagão! Cagou nas
calças? Cagou nas calças?
Bernardo: Vamos…
Graciele: Como, vamos? Cagão, vai atrás do teu pai, vai lá, macho! Vai lá,
cagão.
Bernardo: Meu pai me agrediu…
Graciele: Vai dizer, então! Vai! Cagão.
Bernardo: Tu me bateu, tu me bateu, tu me bateu. Tu me agrediu!
Leandro: Faço tudo para dar certo e a polícia chega na minha casa no sábado à
noite.
Graciele: É, ahã.
Bernardo: Tu me bateu também…
Graciele: É um cagão mesmo! Agora vai atrás do papai. Cagão.
Bernardo: Tu me bateu, conta que tu me bateu...
(longo trecho em silêncio)
Leandro: E esse remédio aqui?
Bernardo: Tu vai me matar…
Leandro: Quantos quilos tu tem?
Bernardo: Não sei. (inaudível)
Graciele: Dá sessenta gotas…
Bernardo: Eu vou me matar… Eu vou... Eu vou me matar.
Graciele: Dá uma faca, Leandro!
(minutos
depois)
Leandro: Você sabe o que está fazendo, você sabe…
Bernardo: Meu pai mandou eu te pedir desculpas.
Leandro: Você sabe o que está fazendo…
Bernardo: Eu quero me matar…
Graciele: Trouxa, retardado… Esse guri é louco, um retardado...
LEMBRETE: Como Leandro Boldrini sabia que a mulher tinha ido na "vila" comprar uma 38? E as duas balas? Ela chegou no consultório e quando ele chegou, ela já foi atirando, conforme relatou em entrevista. Isso foi informação da Polícia ou ele terá tidoparticipação na morte de Odilaine? Quando Graciele fala para Bernardo que o fim dele vai ser igual ao da mãe, Odilaine foi assassinada e Bernardo, futuramente, seria também?