sábado, 27 de setembro de 2014

Sucesso interrompido

As falhas na rede de proteção que não salvou Bernardo Boldrini Marcelo Oliveira/Agencia RBS
Três Passos, cerca da casa dos Boldrini foi transformada em memorial para Bernardo.Foto: Marcelo Oliveira / Agencia RBS.

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/09/as-falhas-na-rede-de-protecao-que-nao-salvou-ber

( Zero Hora faz um retrato comovente da trágica história de Bernado Uglione Boldrini - Acessem, por favor, o endereço acima).


SUCESSO INTERROMPIDO


" - Bernardo, se tu fosse personagem de história, qual gostaria de ser?"
" - Nenhum. Ninguém me conta histórias".
O Jornal Zero Hora de 27/09/14 (veja endereço acima), traça o caminho percorrido por Bernado Uglione Boldrini à procura de uma ajuda que nunca chegaria, tendo sua vida ceifada precocemente aos 11 anos de idade. Um guerreiro que na medida de seus esforços, foi um sobrevivente desde os 7 anos. E foi somente à custa de muita enganação, de ardil covarde e criminoso que conseguiram tirar-lhe a vida.

O Conselho Tutelar da cidade de Três Passos se recrimina, o que poderia ter sido feito de mais concreto para poupar a vida de Bernardo? Mas o medo que tiraniza e enfraquece as decisões também levaram as pessoas a tapar os ouvidos para não escutar os gritos de socorro de Bernardo. Afinal: como ir contra um médico tão conceituado na região? Havia também a possibilidade de algum processo, talvez  por calúnia.
Os agentes do Conselho Tutelar informam que as pessoas dificilmente denunciam, não querem se intrometer em problemas alheios.
Sejamos intrometidos, dedos-duros, alcaguetas, seja lá do que quiser nos chamar. De que adianta chorar o leite derramado?
Com todo um histórico de maus tratos e violência, segundo a Delegada Caroline Bamberg, nenhum relatório chegou às suas mãos, no sentido de iniciar uma investigação.  

Ainda bem que na sua curta vida, Bernardo teve a sorte de contar com pessoas amigas como a Família Petry, que conseguiram mitigar-lhe um pouco seu sofrimento e proporcionar-lhe uma ínfima parcela de felicidade que lhe era devida em vida, afinal não viemos ao mundo para sofrer, isso nunca é a vontade de DEUS.
Houve falha na rede de proteção? Não sabemos. Quem poderia supor que o sofrimento de Bernardo fosse terminar de modo tão contrário à sua vontade, que seu próprio pai fosse capaz de ato tão indigno? Leandro Boldrini chegou a ser advertido pelo Juiz Fernando, da Comarca de Três Passos a mudar suas atitudes com o filho, mas a madrasta Graciele Ugulini nunca foi procurada para esclarecimentos. Ela se limitou a ficar nos bastidores, tramando a morte do garoto.

A promotora Dinamárcia diz não haver nenhuma anotação a respeito do caso de Bernardo, mas ela guarda no coração, as palavras do menino:
- "A minha madrasta é uma bruxa, ela me xinga de tudo que você possa imaginar, e o meu pai dá razão para ela. Eu não tenho comida de noite porque não tem tata (empregada, babá). Eu tenho que tomar leite, comer banana, fazer ovo cozido ou então eu vou comer na casa dos meus colegas. Não tenho a chave de casa, ela briga comigo e eu tenho que esperar 10 e meia da noite o pai chegar para eu poder entrar em casa. E eu não aguento mais isso. Deram todos os meus cachorros. E hoje foi a gota d'água, porque ela me chamou de veadinho e eu atirei um copo nela. O copo não pegou, mas eu estou com medo, estou cansado, eu nunca tinha feito isso de atirar um copo nela. Então, eu não quero mais ficar naquela casa. Eu estou na casa da tia Ju (Juçara Petry). E eu queria te dizer assim, promotora: eu quero que a tia Ju e o marido dela sejam meus novos pais, porque eu quero ter pais com amor". 

Juçara Petry se lembra do menino chegar em sua casa com profundas olheiras. Bernardo diz a Dinamárcia que estava cansado, mas ele se esqueceu de dizer que estava também profundamente angustiado.E enquanto Bernardo corria as floriculturas  se preocupando com os preparativos para o seu querido aquário, Graciele e Edelvânia também se desdobravam na procura de ferramentas e remédio para tirar a vida do menino, com o apoio incontestável de Leandro Boldrini. O desfecho o Brasil inteiro sabe.
- "Se o Juiz, sabendo de tudo, caiu na lábia do Leandro, como nós não íamos cair?", conclui Simone Mïller, coordenadora pedagógica da escola de Bernardo e mãe do melhor amigo de Bernardo.

Agora Leandro Boldrini mudou de tática e de advogado. Quando viu que sua estadia na cadeia estava se prolongando indefinidamente, demitiu Jader Marques e colocou em seu lugar dois novos defensores: Ezequiel Vetoretti e Rodrigo Grecellé Vares. Seus novos contratados, além dos relatos de sofrimento infligidos a Bernardo e os vídeos de maus tratos ao menino apreendidos pela Polícia, ainda terão que lidar com as provas contundentes de que ele é o mentor intelectual do crime, a pessoa com mais inteligência pra bolar o plano e engendrar álibis a fim de sair impune. Veja o porquê:

- Um homem frio e calculista: pelo que sabemos, nenhuma lágrima ele derramou ao longo dos acontecimentos.

- Ele proibiu os familiares de dar qualquer entrevista a respeito do caso. Poderiam falar demais?

- Um homem sai desatinado a procura do filho, já nos primeiros dias do desaparecimento do menino, lembrando que Bernardo passava mais tempo na casa de conhecidos do que na própria casa.

- A recomendação era de que Bernardo deveria ficar com o celular e ligar de volta sempre que fosse preciso. Conforme testemunhas, Leandro nunca ligou para o filho. Entretanto no dia 04/04/14, dia do desaparecimento de Bernardo até 06/04/14, dia do registro do boletim de ocorrência, ele realizou quatro chamadas para o celular do garoto. Sabendo pela mulher Graciele que o menino se encontrava na casa do amigo Lucas.

- Leandro Boldrini entrou em contato com uma rádio local para denunciar o desaparecimento de Bernardo. Ouvindo a gravação, a voz do médico não denota nenhuma emoção e ele se recusa a fornecer um número pessoal de contato. E ele se refere a Bernardo no tempo passado: "o menino que morava com a gente".

- Cartazes com a foto de Bernardo foram espalhados por Três Passos e cidades circunvizinhas. O autor da ideia de fazer os cartazes, relembra que quase teve que pedir desculpar a Leandro pela sugestão, tamanho seu aborrecimento.

- Quando a Polícia interrogou Leandro, ele disse que "sempre ligava para Bernardo para saber onde ele estava e não se preocupou com o fato de Bernardo não ter atendido o celular". (?). Celular este que Bernardo ganhou de conhecidos, bem simplezinho, só dava para fazer ligações. No início do sábado ele ligou novamente para o celular do filho: Bernardo já estava morto. Ele então resolveu ir com a mulher para uma festa noturna em Três Rios, onde foi visto bebendo, fumando charuto e criando confusão com os seguranças da casa por conta de uma carteira perdida. No Domingo, ele encontrou com um amigo no centro de Três Passos e comunicou alegremente que havia localizado a carteira , sem tocar no nome de Bernardo. A outro amigo, no mesmo local ele pergunta se havia visto o menino, já tecendo álibis.

- Na segunda-feira, 07/04/14, quarto dia do desaparecimento de Bernardo, segundo testemunha, Leandro chegou cantarolando no hospital.

- Quando Leandro e Graciele iam na Delegacia saber notícias de Bernardo, A Delegada Caroline Bamberg diz que estranhamente eles pareciam felizes, principalmente Graciele, por não saber do paradeiro do menino.

10º - Quando a Delegada Caroline comunicou aos dois que o menino estava morto, a reação de Leandro novamente foi mais fria que a simulada reação de Graciele.

11º - Graciele afirmou a Sandra Cavalheiro que Bernardo só não estava morto, porque Leandro ainda não havia achado um poço para enterrá-lo.

12º - Gravações do celular de Leandro que foram apagadas e depois recuperadas pela Polícia, revelam situações de sadismo e provocação por parte de Leandro e Graciele, chegando ao ponto de citar o nome de Odilaine Uglione, mãe de Bernardo, morta em 2010, exasperando o menino ainda mais, certamente com o intuito de intimidá-lo, nas suas tentativas de denunciá-los ao Juiz.

13° - Quando o Jornal Zero Hora entrevista Leandro na Penitenciária de Charqueadas ele diz que não gravou nenhum vídeo de Bernardo, mas a Delegada informa que Leandro levou uma gravação de Bernardo com o facão na Delegacia, dizendo que era para se precaver? De quê? A pessoa que o atendeu pediu a ele reportar o caso ao Conselho Tutelar.

14º - De acordo com revelação da mãe de Leandro, ela esteve na sua casa na época do desaparecimento de Bernardo e ele disse, apontando para Graciele. - " vai acabar numa caixinha e vai sofrer muito". Se ele sabia do assassinato, por quê não denunciou a mulher?

15° - Quando ele vai preso, ele pergunta a Graciele: - " estou envolvido nisso?". Ela responde: - " não". Ou seja, para bom entendedor um pingo é letra: a combinação é que ele não deveria ser envolvido no crime, apesar de compactuar com a desgraça de Bernardo. Ele, claramente a repreende, por não ter sido mais cuidadosa.

16° - Quando a enfermeira que trabalha na clínica de Boldrini, alerta Graciele sobre o sumiço de ampolas de Midazolam, Leandro não esboça qualquer reação, fixo no trabalho que estava executando, como se já soubesse do destino das mesmas.

17º - Ganância pelos bens de Bernardo. A herança deixada pela mãe Odilaine seria todo dele por ser filho único. Leandro e Graciele não queriam dividí-la com o menino. Conforme palavras da própria Graciele: - " este menino quando fizer dezoito anos, vai nos tirar tudo".

18º - Negligência material e afetiva: o menino vivia perambulando pelas ruas de Três Passos, doente, faminto e mau vestido, mendigando a atenção de conhecidos. Apesar da condição financeira do pai, Bernardo andava sem um real no bolso. Inclusive, uma das reivindicações feitas por ele a promotora Dinamárcia era de poder levar lanche para a escola. Ele era ridicularizado pelos colegas por estar sempre pedindo a porção dos outros. No dia que a madrasta cozinhava, ele era proibido de comer.

19° - Nas fotos do facebook, Bernardo não aparece nas fotos de família. Como isso seria uma constante, eles já se preparavam para o desaparecimento do garoto.

20º - Leandro Boldrini se nega a passar por detector de mentira da Polícia e contrata um particular para lhe ministrar o teste. Durante todo o interrogatório, o tom de voz do médico não apresenta nenhuma alteração como se já soubesse o teor das perguntas e se preparado para elas. Adivinha se ele passou no teste?

21º - No dia anterior ao crime, de acordo com testemunha, Bernardo foi muito bem tratado em casa, chegando inclusive a brincar com a irmãzinha, coisa que estava proibido de fazer pela madrasta. Comeu peixe e disse ter gostado muito ( já que o usual era comer ovo cozido). Empregadas da casa comentaram que essa situação era coisa anormal de acontecer. Foi-lhe permitido inclusive ficar na posse de um aquário que lhe seria doado por um amigo e de uma TV que seria comprada por Graciele.

22º - Palavras de Leandro Boldrini, de acordo com o médico Ambrósio Celestino Scimdt: - " hoje sumir com um corpo é muito fácil". O local onde Bernardo foi enterrado é um lugar ermo, distante e de difícil acesso. Não fosse o empenho da Polícia, que de posse de um recibo de compra de um extintor de carro, em um posto de gasolina, ao lado do apartamento de Edelvânia, solicitado as imagens das câmeras, Bernardo estaria desaparecido até hoje.

23º - Leandro alega não ter conhecimento das transações financeiras da mulher, mas até o valor de R$ 1.400,00 da TV de Bernardo ficou registrado no seu celular. O valor inicial de R$ 6.000,00, adiantado de um total de R$ 20.000 e recebido por Edelvânia (pasmem, a mulher foi cúmplice na morte de Bernardo por R$ 6.000,00!!!!), passou  para R$ 90.000,00 e isso somente depois da morte do menino.

24º- Leandro assinou a receita do Midazolan comprimido para Edelvânia, que comprou o medicamento numa farmácia em Três Passos. Edelvânia morava em Frederico Westphalen. Ele alega que não a conhecia até ela ser presa, mas ele chegou inclusive a trabalhar com seu irmão Evandro Wirganovicz em um hosptial. Edelvânia era amiga antiga de Graciele, inclusive chegaram a morar juntas. Andressa Wagner, secretária do médico na época, informa que  Edelvânia esteve sim no consultório, inclusive recebendo uma receita feita especialmente para ela.

25º - Em 2010, O IBGE informava que a população de Três Passos era de 23.965 pessoas. A receita do Midazolan para Edelvânia foi comprada em farmácia de pessoa muito amiga de Leandro e ele era um médico muito conceituado na cidade. Com certeza, muitas receitas do médico tinham entrado nessa farmácia. Remédio controlado quando adquirido em farmácia, dá até um certo constrangimento, de tantos dados pessoais que os atendentes pedem. Na pior das hipóteses, se houve uma falsificação, a pessoa que a fez passou muito tempo estudando-a, pois o médico não esclareceu se a assinatura estava muito diferente.

26º - Observe relato dos delegados: um dia depois de Leandro registrar o Boletim de Ocorrência do desaparecimento de Bernardo, a Polícia vasculhou a casa. Naquele dia, no estojo de Bernardo, não havia nem chave e nem controle do portão. Mas misteriosamente, quando voltaram à casa dois dias depois, chave e controle reapareceram no estojo. Quem não deve, não teme.

27º - Leandro nunca defendia Bernardo de Graciele. Ao contrário, os dois se uniam para espezinhar e torturar uma criança de apenas 11 anos de idade.

28º - Ganância e ódio de Graciele por Bernardo, tornaram-na uma isca perfeita para as manobras de Leandro Boldrini. Fria e calculadamente, os dois arquitetaram um plano para o assassinato, achando que no fim sairiam impunes, contando com a fraqueza de Edelvânia por dinheiro e que acabou também arrastando o irmão para a ruína.

29º - Leandro Boldrini desafiou toda a autoridade e a sociedade Três-passense. Apesar da advertência, do conhecimento da condição desumana em que Bernardo vivia, nada o amedrontou e arvorado em todo-poderoso, dispôs da vida do filho.

30º - Segundo o próprio Boldrini, quando ele se juntou à Graciele,  um ou dois meses depois da morte da esposa Odilaine, ele disse ao irmão que a conhecia há muito tempo e um parente confirmou que eles eram casados há 6 (seis) anos.(?). Odilaine vivia com Leandro e ela supostamente cometeu suicídio em 10 de fevereiro de 2010, quando ele pediu o divórcio. O pedido de reabertura de inquérito para apurar a morte de Odilaine foi recusado pelo Juiz, por não ter fatos novos fatos que o justificassem. Não estamos criando teoria de conspiração, estamos apenas esboçando dados que o Brasil inteiro conhece. Infelizmente, quanto mais tempo passa, mais difícil fica a solução de um caso, devido a perda de provas importantes.

31° - Na hipótese de que seus advogados consigam tirá-los da cadeira, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini carregarão consigo uma nódoa que jamais se desfará em toda as suas existências.

32º - Os vídeos apreendidos do celular de Leandro Boldrini mostram Bernardo em situação de estresse máximo. De acordo com Jair Mari, professor do departamento de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP): " é uma situação de estresse máximo, onde temos uma criança acuada, que está em franco desespero, desamparo. Estamos observando aqui "tudo aquilo que não deve ser feito".(g1.globo.com/rs)

33º - O professor do departamento de psiquiatria da UFRGS, Luís Augusto Rohde explica como o pai de Bernardo deveria agir: " é importante em situações que a criança está descontrolada poder abraçá-la, poder contê-la, poder mostrar que alguém a ajude a se controlar". Ou seja, demonstrar amor,  coisa que Leandro estava  longe de sentir por seu filho.Por isso, a sua preocupação em apagar as imagens.(g1.globo.com/rs)

34° - Com referência a receita do Midazolam: "O senhor tinha receitas assinadas em branco? Pergunta o Jornal Zero Hora a Leandro Boldrini: " às vezes, a secretária dizia: Doutor, vai vir o seu João trocar a receita". Eu assinava, mas era específica para uma pessoa. Não é que eu deixava no consultório 20 receitas assinadas. Não! Isso é bem controlado". Se é bem controlado, ele deixou uma receita assinada e certamente deve se lembrar quando a secretária chegou e lhe disse: Doutor, a dona Edelvânia vai vir pegar a receita. Lembrando que Edelvânia comprou o medicamento em certa farmácia em Três Passos e não em sua cidade de origem.

35º -  "Quando eu soube da morte de Bernardo eu não esbocei nenhuma reação, porque estava sobre efeito de remédio" - diz Leandro. Não! O susto de se ver descoberto foi tão grande, que o deixou sem reação. A opção foi ficar impassível. Infelizmente muitos pais matam seus próprios filhos, veja caso Isabela Nardoni. Mas o que surpreende nesse caso específico, são dois fatos semelhantes acontecerem partindo de um único médico: a morte da primeira esposa dentro do seu consultório e agora a do filho, morto com medicamentos usados em sua clínica. Onde ficou esquecido o cuidado com as pessoas?

RELEMBRANDO:  A propósito, Isabela Nardoni faria 11 anos em abril de 2014, mesma idade de Bernardo quando morreu. Outra triste coincidência: ambos foram mortos pelas madrastas, com o auxílio e conivência dos próprios pais biológicos.


Juramento do Médico


"Eu solenemente, juro consagrar a minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento aos meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei , a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às da natureza. Faço essas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra". (Fórmula de Genebra, adotado pela Associação Médica Mundial em 1983). Extraído de Wikipédia.org. Acesso em 28/09/14.










sábado, 20 de setembro de 2014

Quem acredita?

Quem Acredita ?


Evandro chorou durante depoimento da mulher  (Foto: Caetanno Freitas/G1)
Evandro chorou novamente durante depoimento da mulher. (foto: Caettano Freitas/G1)



Luciane Saldanha, companheira de Evandro Wirganovicz volta atrás em suas declarações a respeito de que desconfiava de que o marido havia participado na morte de Bernardo Uglione. 
Na época, abril de 2014, por ocasião da prisão do acusado, ela contou à Polícia que ela e Evandro tinham ido fazer uma visita à mãe dele e que por volta das 18:00 horas, havia dito que iria pescar e só retornou por volta das 21:00 horas. Ela disse não se lembrar se o marido havia trazido peixes (lembrando que esse depoimento foi dado na época da prisão de Evandro). Depois que o corpo de Bernardo foi encontrado, ela confrontou o marido e ele se mostrou preocupado a ponto de chorar.

Agora, Luciane desmente sua versão anterior dos fatos. Ela diz que foi obrigada pela Polícia a confessar que foi Evandro quem cavou o buraco. Segundo ela, foi-lhe dito que se ela não confessasse (pasmem), o marido pegaria mais tempo de cadeia. E acrescenta que, passados alguns meses ela se lembrou de que na época da suposta pescaria, ele chegou com peixes sim, alguns até tinham "barbinha grande"  e que o choro de Evandro na época foi de raiva de Edelvânia, por ter cometido o crime. 
Palavras de Valdecir Johan, testemunha que viu Evandro à beira do Rio Lajeado (Rio do Mico):
- "Nunca tinha visto o Evandro com o carro lá. Ele costumava pescar, mas ia a pé com os irmãos. De carro foi a primeira vez. O rio estava com o nível da água muito baixo, não daria peixe algum. Eu moro ali desde sempre, herdei do meu pai. Conheço bem, sustentou.

De acordo com a Delegada de Polícia, Caroline Bamberg: - "era esperado que Luciane fosse mudar sua versão. Quando seu depoimento foi colhido, o advogado Hélio Sauer estava presente e ambos concordaram com os termos da declaração. Agora eles estão contestando? Que tipo de advogado é esse? Questiona ela.

OBS: Por quê só Evandro chorou na época, ele tinha mãe e mais irmãos e a mulher diz que só Evandro chorou, o que chamou mais a atenção. E a sua insistência em pescar à noite, sozinho, de carro, coisa que nunca tinha feito, num lugar ermo, distante e de mata fechada, exatamente no Rio Mico, onde num local às suas margens, Bernardo foi enterrado?

Fonte:G1. Disponível em: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/caso-bernardo-boldrini/noticia/2014/09/mulher-de-reu-do-caso

domingo, 14 de setembro de 2014

Justiça seja feita para Bernardo Uglione Boldrini


Justiça Seja Feita




  Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia e Evandro Wirganovicz (Foto G1)


O Jornal Zero Hora publicou em 08/09/14, a respeito dos laudos sobre a morte de Bernardo  Uglione Boldrini. O IGP ( Instituto Geral de Perícias), reconheceu que as condições inadequadas de armazenamento dos materiais coletados na cena do crime,  prejudicou sobremaneira as conclusões sobre a morte do menino. Cinco laudos foram expedidos com base em exames toxicológicos, fragmentos de órgãos de Bernardo com pulmão e traqueia, suas roupas, a terra da cova e o saco em que seu corpo foi depositado.

Eu me pergunto: para quê o resultado dessas perícias, a não ser para nos causar mais sofrimentos?
O que eu menos quero saber é se Bernardo sofreu para morrer. Agora, se essas perícias vão aumentar o tempo de cadeia dos acusados, então menos mal. Depois de provas contundentes, delações e confissões mesmo à revelia, justiça seja feita. Se os acusados forem a júri popular, justiça seja feita. Se forem a julgamento comum, justiça seja feita. 

Em 12/09/14, o mesmo Jornal noticiou que o detector de mentiras revelou que o 4° acusado da morte de Bernardo (pasmem), pode ter mentido nas respostas. O aparelho, em diversas ocasiões acusou estresse em Evandro Wirganovicz, ao falar sobre o planejamento e execução do crime. Mas sabemos que:

- A própria irmã Edelvânia diz que ele não ajudou a matar o menino, mas ajudou na abertura da cova.
- O carro do acusado, conforme testemunhas idôneas, foi visto próximo do local do crime, dois dias antes do acontecido. Evandro disse não ter emprestado o carro para ninguém na época.
- A companheira do acusado diz que ele ficou muito preocupado a ponto de chorar quando confrontado a respeito do fato. Ela diz ter ficado desconfiada da história da pescaria.
- Se as ferramentas não se encontravam no carro de Edelvânia (ver vídeo onde as rés confessas chegam sem o menino) e se ela somente as levou em 06/04/14 para a casa da mãe, onde estavam essas ferramentas?
- Por quê Evandro começou a quitar dívidas no comércio local, logo após o desaparecimento do garoto?
- Quem não deve, não teme, por quê Evandro escondeu da Polícia a sua pescaria e só falou a respeito depois de preso?
- Evandro diz que não conhecia Leandro ou Graciele, mas ele trabalhou no mesmo hospital que Leandro na época do suposto suicídio de Odilaine.
Etc...etc...Atrevo-me até a dizer que o próprio acusado estava no local quando chegaram com o menino. Edelvânia diz que jogou pedras sobre o corpo do menino. E a terra? E as ferramentas? 

Agora que a JUSTIÇA seja feita. Que os nossos abnegados defensores, ao deitarem suas cabeças sobre o travesseiro e repensem:

Juramento do Advogado


"Juro, no exercício das funções do meu grau, acreditar no DIREITO, como a melhor forma para a convivência humana, fazendo da JUSTIÇA, o meio de combater a violência e de socorrer os que dela precisarem, servindo a todo ser humano, sem distinção de classe social ou poder aquisitivo, buscando a PAZ como resultado final. E acima de tudo, juro defender a LIBERDADE, pois sem ela não há DIREITO que sobreviva, JUSTIÇA que se fortaleça e nem PAZ que se concretize".
Disponível em: www.guiadeformatura.com.br/juramento. Acesso em 14/09/14


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Se eu me calar, as pedras gritarão



Se Eu Me Calar, As Pedras Gritarão 
(Lucas19,40)

Bernardo Uglione Boldrini  / Reprodução  G1

O senhor passou essa mensagem para o Bernardo. E com a Graciele, como foi? Ela ficou brava com a situação, com Bernardo?
Ela disse assim: "Vamos instalar câmeras por toda a casa para ver realmente o que acontece aqui dentro, daí o Bernardo vai lá, fala tudo isso para a promotora e o juiz, aí eles vão saber realmente o que acontece, que eu mando o Bernardo estudar e ele não vai, que ele chega da escola e deixa a mochila aqui e não carrega para cima, eles vão conhecer realmente os fatos". O que eu recordo dela foi isso, vamos encher de câmera e depois mostrar para o Judiciário o que realmente acontece.
Vocês instalaram as câmeras?
Não, não. Ela disse: "Eles não sabem o que realmente acontece aqui dentro de casa e agora vem querer tomar atitudes". Fonte: Jornal Zero Hora, disponível  em: :zh.clicrbs.com.br/.../eu-vivo-um-pesadelo-acordado-diz-leandro-boldrini...Acesso em 09/09/2014
Leandro Boldrini, em entrevista ao Jornal Zero Hora, da Penitenciária de Charqueadas, diz que nunca realizou filmagens com seu filho Bernardo. As gravações recuperadas de seu celular desmentem essa versão. Os vídeos que ele apagou do seu celular, mostram cenas de profundo desamor e desrespeito por seu filho. Houve sim, abusos físicos, psicológicos e verbais infringidas a uma criança de apenas 11 anos de idade. Vê-se um homem frio, de gosto irracional e mórbido em ver o menino acuado, sem defesa, mostrando um facão que ele bem sabia não faria diferença alguma. Bernardo era um menino meigo e gentil e esses arroubos mostra uma vontade imensa de encontrar amor. Surpreende a forma de como Leandro dizia amar seu filho. Seria uma forma de coação, quereria ele enviar ao menino uma mensagem "eu sou mais forte, não adianta reclamar às autoridades" ou induzir Bernardo ao "suicídio", como aconteceu com Odilaine?

Hoje, 09/09/2014, no programa "A Tarde é Sua", da Sônia Abrão, Jorge Lordelo, diz que na época em que Odilaine, a mãe de Bernardo foi morta, Evandro Wirganovicz trabalhava no mesmo Hospital que o pai de Bernardo trabalhava.
Mera coincidência?

A sorte é que a Polícia fez um primoroso trabalho de investigação que levou os criminosos para trás das grades e este crime hediondo não ficará impune. Vamos confiar que a Justiça lhes dará uma correção tal que ficará nos anais da História do Direito no Brasil.

Estive analisando com cuidado a carta que Odilaine Uglione deixou por ocasião de seu suposto suicídio. Não se trata de culpar inocentes, nem estamos fazendo terrorismo. Sou uma pessoa leiga, não possuo conhecimentos técnicos, nem aparelhos de última geração para análise de documentos e nem formação na área da grafotécnica. De posse de um carta compilada da Internet e a olho nu e de algumas informações do livro "Manual de Grafoscopia" de Tito Lívio Ferreira Gomide e Lívio Gomide é que pude fazer as seguintes observações: 


Aspectos Objetivos

- As assinaturas originais são feitas geralmente num só movimento até 5 caracteres ou mesmo as letras juntas. Havendo espaçamento é sinal de fraude. A assinatura de Odilaine na carta possui vários espaços que a assinatura original do documento não tem.
- Um grande indício de que a assinatura é falsificada é quando ela é refeita, isso é um sinal claro de falsificação. Na carta, a assinatura de Odilaine apresenta os seguintes erros:Fizeram um "d" grande que depois foi diminuído com um "o" menor para imitar a assinatura original. Houve rasura na altura do "d" e uma perninha nesse "d" puxada para baixo imitando a assinatura de Odilaine.No sobrenome Uglione, a letra "U" foi escrita com três perninhas e para camuflar a terceira perninha, colocaram o "g" por cima. Na assinatura original do documento de identidade, a letra "U" tem apenas duas perninhas. Na assinatura do RG, Odilaine escreve a letra "L" fechada e na carta a assinatura contém a mesma letra aberta.

- As pessoas não escrevem uma carta inteira sem um único erro e depois erram na grafia do próprio nome. Vê-se claramente uma adulteração da assinatura.

- Modificar um pouco a assinatura é sinal de fraude. A pessoa não é um robô, ele não escreve exatamente como em cópias. Há ligeiras variações. Assinaturas um puco diferentes também podem ser falsificações para dar a impressão de que foi escrita pelo autor do documento (em período de estresse, as variações na grafia são comuns). A letra da carta está diferente da assinatura original.

- Assinaturas tremidas, feitas lentamente, são sinais de fraude. O contrário também pode acontecer, escritas ás pressas, sem muito cuidado, exatamente para dar a impressão de ser genuína.

- Mínimos gráficos: muito importantes. Na assinatura de Odilaine, esses mínimos gráficos existem como por exemplo, escrever o pingo dos "i", à direita da letra, não exatamente em cima.Na assinatura e no texto da carta, os pingos estão simetricamente em cima dos "i's".

- A perninha esquerda da letra "e" da odilaine é bem reta e na junção com  letra "n" quase forma um  "v" e a perninha da direita faz um arco para cima. Na assinatura da carta, essa junção faz uma grande curva.

- A grafia da letra "O" no documento da Odilaine está diferente. Como ele escreve o "d" com a perninha à esquerda, o "O", não tem como ser cortado, como ocorre na carta. além de que o "O" da Odilaine é desenhado reto e na carta ele é ligeiramente diagonal, caindo para a esquerda.

- A letra da Odilaine no documento de identidade parece ser grande. Ela deve ter feito essa assinatura possivelmente aos 18 anos. Ao 32 anos, com 14 anos de diferença, esta letra não mudou substancialmente, já que nas duas idades ela já era adulta. As mudanças na forma da escrita é por volta do início da adolescência e depois na idade senil.

10° - No início da carta, o nome Odilaine Uglione foi escrito bem diferente da assinatura na carta.

11° - No sobrenome Uglione da carta, a impressão que fica é que a terceira perninha do "U",  foi criada para imitar o "g"  do documento original, além de que o formato do "g" da carta é bem diferente do documento.

12° - Em "Eu, Odilaine Uglione, do início da carta, o "d" não tem a perninha característica do original e o "O" está cortado.

13º - Odilaine, sendo casada, não assinava o sobrenome Boldrini? É bem verdade que eles estavam em vias de separação, seria por isso?

14º - Odilaine não corta o "O" do seu nome. Para fazer o "O" inicial cortado do nome Odilaine, a pessoa precisaria estar em um estado mental tranquilo e quando ele é cortado, geralmente é para dar prosseguimento à palavra. Ou a pessoa já tem esse costume.

                                        Assinatura da carta atribuída a Odilaine Uglione/Reprodução


Carta atribuída a Odilaine Uglione/Reprodução

                                                     Aspectos Subjetivos

- Cartas longas geralmente envolvem pedido de perdão. Isso não acontece, apesar de Odilaine deixar pessoa muito amadas.

- Ela deixa um testamento a favor do marido, doando tudo para o maior causador do seu sofrimento. Sobre estes, geralmente, os suicidas deixam acusações.

- "Favor cuidar dos meus tão amados "animais". Ela  diria "animais"? Ela certamente teria dado nome aos cães. A citação dessa forma parece um tanto descompromissada, sendo "animais" para quando o envolvimento emocional não é tão grande. Geralmente consideramos os cães, como parte da família. 

- "Éramos muito pobres". Odilaine não era pobre, quando casou com Leandro Boldrini. O pai dela era detentor da única concessionária Chevrolet na região.

- Observe: dia 04/02/10, Leandro Boldrini diz que ama e admira Odilaine Uglione. Domingo, 06/02/10, ele pede a separação, por divergências em comum. 09/02/10, Odilaine escreve uma carta suicida e em 10/02/10, comete o suicídio. Conforme estatísticas, esse tipo de pensamento suicida, ou ocorre de um momento para outro ou decorre de um longo período de maturação. Odilaine, excepcionalmente não se enquadra nessas duas categorias. E pelo que consta das notícias, Odilaine Uglione não tinha histórico anterior de tentativas de suicídio.

- "Prefiro partir do que ver meu filho nas mãos de outras mulheres". Por quê mulheres? Graciele Ugulini era o pivô da separação. O próprio Bernardo sabia que o pai traía a mãe. E a própria Odilaine diz à mãe ter flagrado o marido. Nos últimos vídeos recuperados pela Polícia, Graciele prontamente defende o marido, quando Bernardo acusa o pai. Ela era parte do complô para acabar com a vida de Odilaine. Na noite do velório da pobre Odilaine, já naquela época, os dois, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini foram a motel. Por quê Odilaine não cita Graciele na carta?  Graciele já era parte ativa na vida dela e de forma bem negativa. 

- Quem em seu juízo perfeito, vai deixar 1,5 milhão para o marido, abrir mão de uma pensão de R$ 8.000,00 em 2010. Divisão de bens é item muito importante num processo de separação, principalmente quando se trata da parte vulnerável do relacionamento. E principalmente: deixar o filho para a rival criar?

- Conforme disse o Doutor Marlon Taborda, advogado da mãe de Odilaine, ela não usava drogas, medicação controlada ou álcool. Arma de fogo normalmente é usada por homens e segundo a empregada na época, ela lhe confidenciou que queria morrer. Apesar dos suicidas falarem, seu tipo de mensagem é bem sutil, pegando desprevenidos seus próprios familiares.

- Carta com muitos floreios ( coraçõezinhos, exclamações desenhadas, três pontinhos). A cabeça da pessoa está a mil, angústia, culpa, conflito, mais que o corpo, sua psique está muito doente, não iria desenhar na carta. Via de regra, as cartas são lacônicas e curtas. 

10° - Por quê a rasura do "d" na carta, numa tentativa de correção? É incomum errar na assinatura.

11° - No processo n° 075/2.10.0002779-3, referente ao ocorrido, uma voz feminina ligou na delegacia, informando a compra da arma por Odilaine, o que induziria à ideia de suicídio. Por quê suicídio, não poderia ser homicídio? E por quê a Policia não investigou com maior critério essa ligação?
A pessoa, numa denúncia anônima não tem a obrigação de se identificar, mesmo para efeito de segurança, mas acredito que as perguntas deveriam ter sido melhor exauridas. Nunca, jamais alguém liga para a Polícia denunciando a venda clandestina de uma arma. Odilaine realmente comprou a arma? Quais as provas efetivas dessa compra?

12° - Odilaine tinha o gênio forte conforme informação de testemunhas, com esporros públicos ao marido. A carta dá a impressão de que nunca brigaram ou tiveram problemas até 06/02/10. É sabido que Graciele Ugilini já andava com Leandro naquela época.

13° - Em " Não precisas"mais" advogados/Já que isso é "+" importante". "Mais e +" na mesma frase como se estivesse lhe preocupando a gramática, em não repetir palavras. Quem vai se preocupar com isso numa hora difícil como essa? Gente, a mulher ia morrer!

14º - Por quê Leandro Boldrini apareceu no velório de Odilaine, vestindo jaqueta em tempo inadequado, acompanhado de seguranças e aparentando estar com medo das pessoas? A jaqueta seria para esconder possíveis arranhões de defesa de Odilaine? E por quê medo, se não tinha culpa do acontecido? Na época, o médico apresentava ferimentos (dorso da mão e antebraço) e não soube explicar onde se machucara. A família de Odilaine começa a suspeitar de algo terrivelmente errado. Para que as indagações não prejudicassem o desenvolvimento de Bernardo, elas caíram no esquecimento, reemergindo em abril de 2014, quando o menino foi assassinado pela madrasta em conivência como o próprio pai. 

15° -O Exame Pericial Realizado e Resultado relata que: o material recebido foi submetido à análise químico-resíduográfica para chumbo, tendo sido obtido resultado positivo no fragmento para a mão esquerda e negativo para a direita. Odilaine era destra e o próprio Leandro informa que a arma já era usada, pois a mulher a teria comprado na vila e não em loja para esse fim. Vários laboratórios já não realizam exame de resíduos de tiros nas mãos de atiradores ou suspeitos de atirar, alegando que o resultado desses exames não é totalmente confiável, devido aos seguintes fatos:

a) - Os resíduos de tiro encontrados na mão de uma pessoa indicam que essa mão pode ser sido contaminada pela projeção de resíduos do tiro por estar próxima da arma usada por outra pessoa para efetuar o disparo.

b) - A pessoa pode ter se contaminado com resíduos (em caso de agressão ou tentativa de suicídio) ao tentar retirar a arma das mãos de quem a está empunhando.

c) - O simples manuseio de uma arma que já produziu tiro, deixa resquícios na mão da pessoa, entre outros, daí o motivo da ausência ou presença de resíduos de tiros, não poder ser usado como único elemento de vinculação com o fato ocorrido, não devendo ser utilizada como diagnóstico diferencial entre suicídio e homicídio.

d) Tiros dados com revólveres deixam mais quantidade de resíduos que podem atingir a mão do que as pistolas. As regiões da mão mais atingidas são: região dorsal dos dedos polegar e indicador  e a palma da mão. (Referência: Balística Forense de Domingos Tocchetto).

e) Todas as alegações sobre seu suicídio são meras conjeturas, afinal, Odilaine teve acesso ao consultório pela porta dos fundos (a secretária diz que ela entrou pela porta principal) mas o certo é que ninguém sabe o que realmente aconteceu dentro da sala. Só o doutor Leandro Boldrini sabe realmente o que sucedeu. O fato de ter sido encontrado uma carta, não significa necessariamente  que ela tivesse a intenção de efetivar o suicídio. Há que, criteriosamente, avaliar os dois lados do caso. Só o lado de Odilaine foi investigado, só o lado de quem não pode se defender foi verificado, assim mesmo, o perito do caso se exime da constatação pura de suicídio. 

16° - Palavras do próprio Leandro Boldrini: - "ela olhou para mim e apontou a arma nos meus olhos. Pensei:pá, morri. Procurei me abaixar e saí pelo lugar que eu tinha entrado e realmente ouvi o estampido. Achei que tinha acertado em mim". (Fantástico/TV Globo). Observe o que  ele diz: " arma nos meus olhos". Ou ele não soube se expressar direito ou estava corpo a corpo com Odilaine. "Saí pelo lugar que eu tinha entrado".Existia seguramente outra porta no local: alguém entrou e saiu por ela? "Achei que tinha acertado em mim": Onde Leandro conseguiu as escoriações apresentadas na época, ninguém se preocupou em averiguar? Odilaine também apresentava dois pequenos hematomas arroxeados no antebraço direito, além dos vestígios de pólvora na mão esquerda. Estes ferimentos poderiam ter sido causados pela arma em questão só se esta estivesse com defeito, ou toda vez que uma pessoa atira, ela se fere? Alguém a teria segurado? Por se tratar de suicídio com pessoa presente, houve um exame pormenorizado das equimoses de Odilaine? Com certeza nenhum exame físico foi realizado no doutor Leandro Boldrini.

17° - Já para o Jornal Zero Hora, em entrevista de 07/06/14, Leandro Boldrini diz:" ela chegou e puxou a arma, não sei se balbuciou algumas palavras que não consegui entender, mirou nos meus olhos e disparou".  No vídeo apreendido pela Polícia, Leandro diz a Bernardo: - "ela foi lá na vila com o cara, comprou uma 38 para ir ao consultório com duas balas. O que ia acontecer comigo"?
Houve apenas um disparo, segundo testemunhas no local. Ela não chegou no local, ela já estava no consultório, ela (Odilaine) chegou nele. Se Odilaine disparou em Leandro, quem disparou em Odilaine? Como ele sabia que ela tinha ido na vila com "um cara", e que a arma possuía duas balas no tambor? Mortos não falam e apenas um estampido foi ouvido. 

18°- Por quê Odilaine foi escolher o consultório do marido em plena luz do dia, com tantas testemunhas no local, se ela tinha sua casa à disposição e nenhum entrave às suas pretensões de suicídio? E se ela ainda morava com Leandro? A mãe sabia que ela era depressiva e tomava remédio controlado? Em sua bolsa, foi encontrado uma cartela de medicamento controlado (calmante para dormir), inteira e a carta de despedida. Por quê? Depressão é a associação mais comum das doenças mentais, sendo responsável por cerca de 30% das mortes ocasionadas pela autodestruição relatadas em todo o mundo. Segundo entrevista com familiares, mas de 90% das pessoas que efetivamente obtiveram sucesso em suas tentativas, tinham alguma doença mental (fonte: super.abril.com.br). Alguém teria tentado forçar uma associação?

19º - Por quê uma arma de segunda mão, usada, não deixou resquícios na mão direita de Odilaine? Sim, por que se a arma foram comprada por ela, evidente que nesse dia fatídico, ela já devesse ter segurado ou revisado a arma algumas vezes. E ela era destra.

20º - Odilaine foi encontrada caída junto a porta de saída? Por quê, seria uma tentativa de fuga?

21º - No exame abaixo, a trajetória da bala, disparada pela mão esquerda de uma pessoa destra entra no lábio superior, passando pelo fundo do olho e saindo no centro da cabeça. Teoricamente, Odilaine não precisaria  "engolir" o cano da arma para efetuar o disparo? Sendo assim, o orifício de saída não deveria ser na nuca? Uma pessoa forçando a arma na cabeça de outra pessoa poderia ter esse padrão? Por quê apenas um perito assinou o laudo? 

22º - Por quê uma gase foi achada sobre o cabo do revólver? A arma foi periciada? Foram tomadas as impressões digitais na arma? Confere com as de Odilaine?

23º - Odilaine era uma pessoa de gênio forte, seria também uma pessoa impulsiva? Quando o marido chegou ao consultório, segundo consta, ela já estava com a arma e a carta na bolsa. Não seria a hora de tentar uma última cartada, tentar dialogar com o marido? Por quê em 3 dias, um gesto tresloucado, dispor da própria vida, deixando uma mãe doente e um filho incapaz, apenas pela pessoa que ela dizia amar, mas que lhe era infiel?  Ela não tinha histórico de tentativa de suicídio, apesar de haver "alardeado" o desejo de morrer. A carta seria um pedido de socorro? Alguém se aproveitou desse fato?


Foto: Reprodução


24º - Teria Odilaine escrito a carta sem no entanto querer levar a cabo suas intenções e alguém se aproveitado dessa fraqueza?

25º - Se não soubesse que é a carta de uma suicida, pensaria que é uma carta de uma pessoa que está querendo dar um novo rumo à sua vida e quer um tempo para a reflexão. Note que em nenhum momento a carta faz menção direta à morte. Quereria Odilaine dar mesmo fim à sua vida? A carta foi periciada, poderia haver outros indícios de adulteração no referido documento, digitais, por exemplo? Ou a carta é totalmente falsa, outra pessoa foi a autora?

26º - Em outro momento, de acordo com o próprio Boldrini, Odilaine estava sentada debaixo do condicionador e ao vê-lo, tirou a arma da bolsa com a mão direita. Por quê não existia vestígios de pólvora na sua mão direita?

Enfim, há uma gama de pressupostos aquém, indagações às quais nunca teremos respostas. Não quero aqui dizer que estou certo, mesmo porque não sou um especialista e  estou lidando apenas as com as informações repassadas pela imprensa, mas um bom grafotécnico na análise da carta, faria uma grande diferença.

Sejamos abelhudos, dedo-duros, alcaguetas. Alguns dirão: quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Pecamos sim, mas que nos tornemos menos pecadores em não compactuarmos com o mal, aliando-nos aos assassinos em nosso silêncio.

OBSERVAÇÃO:  Perícia particular (Sewell Perícia Criminal Forense), contratada pela família de Odilaine Uglione aponta contradição: pelo estudo da trajetória da bala (que entrou pela boca da vítima, o disparo teria sido feito por outra pessoa, que não a vítima). O advogado da família de Odilaine disse em outubro de 2014 que iria recorrer  da negativa de reabertura do inquérito que apurou a morte dela, agora junto ao TJ. Após 4 meses dessa informação, não se teve mais notícia alguma sobre o assunto. 
Disponível em: <zh.clirbs/notícias/pericia-particular>, de 19/10/14.